O Brasil está doente. Sem rédeas, sem norte, sem presidente. Cremos que a "cura" ou as infinitas curas possíveis, não está/ão onde muitos afirmam estar: no centro, no normativo, no capitalismo criminosamente desenfreado… A(s) cura(s) parece(m) estar, acima de tudo, no que é margem, nas infinitas margens dos tantos Brasis! Aqui a margem se refere aos saberes de culturas originárias, às minorias sociais, aos modelos sustentáveis e colaborativos de vivência, às zonas autônomas de contracultura, as tantas periferias, etc.
Sob inúmeros aspectos, o Brasil é margem no mundo. A Amazônia é a margem da margem… O Amapá é margem da margem da margem. Se, noutro dia, no escuro, os amapaenses choraram, ontem, sem ar, foram os amazonenses e logo em seguida, afogados, choraram os acreanos. Todo dia, na Amazônia urbana ou na floresta, sentimos o peso das queimadas, das mortes de lideranças indígenas, quilombolas, tantas mortes, tantas faltas. Hoje em colpaso, nosso país padece da falta de valor ao seu próprio povo, a sua própria ciência, sua própria arte. São muitas as camadas e há tanto a dizer e tanto pelo que lutar. Enxergar as margens e valorizar o que as margens têm a ensinar e construir… Mundialmente estamos no limite de muita coisa... Precisamos evocar nossas forças, tomar o poder e reescrever os rumos de nossas histórias dentro do que nos cabe! Por aqui seguimos construindo nossa parte na nutrição desse solo marginal.
A XVII edição do FIM, que será realizada em parceria com a OCA Produções, está sendo viabilizada com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult), ou seja, estamos ocupando um espaço conquistado pela luta de inúmeros profissionais do cinema brasileiro em meio à pandemia de COVID-19, dada a importância deste setor. Em um Brasil sem um ministério da cultura, cada dia mais nos perguntamos quanto antídoto será necessário? Haverá afinal cura para tudo isso do qual hoje padecemos? O recado do XVII Festival Imagem-Movimento é que nós acreditamos que sim! Ainda há cura e não há caminho mais certo para ela senão o caminho das margens! Por isso te convidamos, cineasta a se inscrever e participar do FIM e a ti que aprecias cinema, a acompanhar nossa programação e compartilhar com quem, como nós, se interessa e se fortalece com a força e poder que vem das margens.