Ao longo desses 14 anos de
Festival, passamos a criar para cada edição do FIM um mote que norteia e
perpassa todo o processo de organização do evento, nossas escolhas de
convidados, o trabalho da curadoria, a identidade visual, o teaser... E para
este ano de 2017, tomamos como mote “Audiovisual: arma e refúgio”. Entenda:
"Se a disposição física necessária
para vermos um filme é nos posicionarmos diante de uma tela, a forma cognitiva
de perceber um filme nos liberta dessa dicotomia tela-sujeito e nos permite
habitar um filme, tê-lo como um lugar, como refúgio. Por outro lado, assim como
um papel em branco era considerado arma perigosa pelo estado no romance
clássico de George Orwell, “1984”, a obra audiovisual, por vezes, revela sua
face “arma”: atacando ideias ou as defendendo.
Em uma sociedade cada vez mais
mediada por telas, entender o papel multiface do audiovisual é uma necessidade.
Historicamente, construiu-se a narrativa do audiovisual como entretenimento e
ele o é, inegavelmente. Mas não só. O audiovisual é polifônico, é discurso, é
narrativa, é simulacro. O próprio conceito de multimídia já se mostra limitado demais
para dar conta da tarefa de definir o audiovisual.
Por isso, a 14ª edição do
Festival Imagem-Movimento traz uma perturbação: nesse mundo de diásporas, de
conflitos declarados ou velados, de avanços que parecem nos levar a
retrocessos, o audiovisual pode ser nossa arma e nosso refúgio, como queiramos.
Mais um FIM se aproxima. Queira."
Texto por Alexandre Brito