Este ano as mostras do Festival
Imagem-Movimento sem dúvida alguma podem ser representadas pela palavra
"inquietude". Não somente o recorte dos filmes exibidos em dezembro,
mas a totalidade das inscrições deste ano (374 produções) representam uma tendência das
produções independentes atuais em especial do circuito brasileiro, cujas
temáticas oscilam principalmente por sensibilidade e delicadeza, solidão e
violência (muita violência mesmo), mas sempre imbuídas por uma notável e angustiante inquietação.
Não são produções confortáveis,
muito pelo contrário, elas perturbam, são viscerais, desestabilizantes, como se
fossem gritos ou sussurros que ecoam vindo de diversas origens deste país
gigantesco. Vozes que, quando gritos, tanto pedem socorro dessa vida mesquinha e dolorida de temor quanto protestam a fim de
chamar atenção para essas durezas todas que nos rodeiam, e quando sussurros,
transformam-se em prece ou cantarolar, e arrancam com a brutalidade que só a
sensibilidade tem, a beleza contida nos detalhes dos mais diversos contextos de
existência por aqui. Não a beleza apenas estética, mas a beleza que transcende
nossos escassos sentidos e conceitos.
O FIM tem orgulho de afirmar: nossos
festival está representando cada vez
mais - a partir de nossos próprios olhares quanto brasileiros- o que é ser
humano, no Brasil e nos tantos outros Brasis espalhados pelo mundo. Essas produções traduzem toda a confluência de sentimentos, texturas, vidas, pulsões, desejos,
violências, assombros, delicadezas e conexões em linguagem audiovisual de forma única. A
palavra audiovisual não soa tão poética quanto a palavra cinema, mas temos
certeza que nela cabe o infinito, e o melhor, cabe muito mais gente! E é através dessa palavra e de
tudo o que dentro dela cabe, que vimos participando da construção de
representações de forma muito mais horizontal e plural. Representações para as
quais nós do FIM somos todos olhos e somos todos ouvidos! Pois nos representam também.
Nosso sincero desejo não só aos
realizadores que inscrevem-se na 11ª edição do Festival Imagem-Movimento, mas
também aos muitos que desconhecem o FIM e igualmente a todas as pessoas que se
propõem essa árdua e íntima tarefa de seguir seus sonhos e materializar
vontades é: Não parem! Sejamos a sensibilidade, a inquietude. Sejamos as partículas em movimento! E sigamos!.